Dois medicamentos que permitem dar até oito anos de vida, após o diagnóstico, para mulheres com câncer de mama sem cura não estão disponíveis no SUS (Sistema Único de Saúde) para tratamento da doença em estágio avançado (metastático). O trastuzumab e pertuzumab são utilizados em associação com a quimioterapia.
Mais comum entre as mulheres, o câncer de mama é o segundo tipo mais frequente no mundo. Segundo dados do Inca (Instituto Nacional do Câncer), estima-se que 57 mil mulheres descobriram a doença em 2014. O cenário fica ainda mais preocupante ao considerar que a taxa de mortalidade continua muito elevada e, em metade dos casos, a doença é descoberta já em estágio avançado e com metástase.
O médico oncologista Carlos Barrios, professor da PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul) e diretor do Instituto do Câncer do Hospital Mãe de Deus, de Porto Alegre (RS), explica que as pacientes com câncer metastático que usaram os remédios trastuzumab e pertuzumab, juntamente com o tratamento quimioterápico, tiveram sobrevida de até cinco anos, e, em alguns casos, chegaram a oito anos.
“Em 2000, se tratava essas pacientes com quimioterapia e o tempo de vida delas era de, aproximadamente, 20 meses. Quando se colocou o trastuzumab no tratamento, a expectativa foi para 37 meses. Se além do trastuzumab e da quimioterapia, a paciente tiver acesso ao remédio pertuzumab, a expectativa de vida sobe ainda mais: 56 meses.”
Entretanto, o pertuzumab, hoje, não está disponível no SUS. Já o trastuzumab está disponível na rede pública, mas em casos muito específicos, de acordo com o médico oncologista do Instituto do Câncer Mãe de Deus Stephen Stefani.
“O trastuzumab é disponível na rede pública somente em casos de tratamento preventivo [para evitar que o câncer volte], e não de controle de doença avançada [casos de mulheres com câncer metastático], apesar dos estudos já disponíveis há quase uma década.”
Além de dar sobrevida as mulheres sem perspectiva de cura, os remédios também proporcionam uma vida normal após a quimioterapia, de acordo com o oncologista e chefe-geral do Centro de Oncologia Antônio Ermírio de Moraes do Hospital São José, em São Paulo, Antônio Carlos Buzaid.
“O cabelo cresce e a paciente pode trabalhar, viajar, levar uma vida normal.”
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