terça-feira, 12 de maio de 2015

FIM DO TORMENTO: Injeção sem picada deve chegar ao mercado em 2017


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Acabar com o famigerado medo de injeção e, de quebra, aumentar a eficiência na aplicação das vacinas através de um sistema adesivo no qual o próprio paciente pode administrar os remédios. O cenário, inimaginável há alguns anos, pode se tornar realidade até 2017 graças a um estudo desenvolvido por pesquisadores dos Estados Unidos.
O trabalho foi desenvolvido no Instituto de Tecnologia da Georgia, em Atlanta, nos Estados Unidos, e consiste em um adesivo capaz de abrigar 100 microagulhas que podem ser aplicadas nos pacientes de forma praticamente indolor. A técnica também zera os riscos de transmissão de doenças através de agulhas contaminadas.
Segundo o pesquisador norte-americano Mark Prausnitz, que coordenou os trabalhos, o sistema é tão simples que permite que os próprios pacientes façam a aplicação em suas casas, sem ajuda de médicos. “Com isso, os centros de saúde podem cortar despesas em equipamentos de armazenamento dos medicamentos. O paciente, por sua vez, ganha tempo e não precisa sair de casa para tomar as vacinas”, informou.
Segundo os pesquisadores, o curso para a produção dos adesivos não é maior que o custo atual para a produção da vacina convencional. “Para rubéola, por exemplo, cada adesivo custa perto de US$ 1,30 (cerca de R$ 3,90)”, ressalta o pesquisador. O estudo pesquisou ainda a criação de vacinas contra sarampo, gripe, tuberculose e outras moléstias cujas vacinas são administradas, hoje, através de injeções.
Ele ressaltou, ainda, que a eficácia do método é no mínimo igual à observada com as agulhas tradicionais. “Mostramos que o emplastro com agulhas microscópicas pode vacinar no mínimo com a mesma eficiência e provavelmente melhor do que a tradicional agulha”, disse.
A possibilidade de fugir das injeções foi o que mais chamou a atenção da professora Cristiane Aparecida Salvador, 37. Ela, que evita ao máximo as aplicações, conta que o desconforto que sente com as picadas é tão grande que pede, inclusive, para familiares levarem o filho, de dois meses, para as doses de vacinação.
“Não gosto de agulha, tenho um medo danado. Não posso nem ver. Para mim, seria muito melhor essa aplicação por adesivos. Espero que chegue logo ao mercado”, comentou. Já o assistente social Guilherme Moraes, 30, ficou entusiasmado com a ideia. “Não sei quando começou, mas começo a passar mal só de pensar em tomar vacina. Já deixei de tomar algumas e também não tiro sangue. Só enfrento a picada quando é inevitável. Mas já fui pior, hoje ainda consigo encarar. Antes, dava show”, conta ele, que ficou interessado em saber quando os adesivos vão estar disponíveis no Brasil. “Que maravilha, tomara que chegue logo”, disse.
Como funciona
O adesivo é composto por agulhas microscópicas feitas de plástico biodegradável. Depois de ser utilizado, não deixa marcas na pele. Dentro dessas agulhas, que funcionam como uma espécie de cápsula, ficam microdoses da vacina.
Depois da aplicação, essas agulhas penetram na pele e começam a se dissolver, liberando a vacina para o paciente. Em 20 minutos, a vacina já está toda no organismo e o adesivo pode ser retirado e jogado fora.
Ainda segundo Prausnitz, os adesivos não demandam treinamento para serem aplicados nem precisam de condições especiais de armazenamento. “O processo é mais amigável para as pessoas com medo de injeções, além de ser até 20 vezes mais confortável, de acordo com testes realizados em grupos de pacientes. Uma vantagem adicional é que a injeção é fácil e pode ser aplicada, em casa, sem fazer que as pessoas tenham de ir ao médico ou mesmo parar as tarefas cotidianas”, afirma.
Para o gestor de saúde pública Eder Waki, a iniciativa pode significar economia de recursos aos cofres públicos. “O Brasil realiza uma série de campanhas de vacinação que, nesse sistema, poderiam ser feitas pelos próprios pacientes, sem a necessidade dos profissionais da saúde. Isso certamente traria economia”, disse.
Testes
A nova forma de vacinação recebe financiamento do CDC (sigla em inglês para Centro de Controle de Doenças), entidade que regula o mercado de medicamentos nos Estados Unidos, e da fundação Bill and Melinda Gates. As pesquisas em animais já se mostraram efetivas e os testes em humanos devem começar até 2017.
Em uma pesquisa realizada em Atlanta com cem pessoas e publicada na revista “Vaccine”, foi constatado que os pacientes são capazes de fazer a aplicação da vacina contra a gripe com alto índice de sucesso, o que abre margem para a autoaplicação.
O estudo também sugeriu que a utilização da vacina no adesivo pode aumentar a taxa de vacinação. No estudo, 46% afirmaram que haviam tomado a vacina convencional contra a gripe anteriormente, sendo a aplicação feita por agulhas tradicionais, em centros médicos, índice que passou a 65% depois que os pacientes receberam em casa a vacina e fizeram a autoaplicação. “Nosso sonho é ver vacinas disponíveis em lojas ou enviadas pelo correio para as pessoas se autoadministrarem”, disse Prausnitz. “As pessoas podem levá-las para casa e aplicá-las em toda a família. Queremos chegar a mais pessoas vacinadas e aliviar os profissionais de saúde do fardo de dar esses milhões de vacinas”, concluiu.
UOL

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