A INFÂNCIA DE MARIA.
Rozevaldo junior: Mais um belo poema contando a história de sua mãe.
Vou parar pra fazer verso,
Não é pra falar besteira.
Mulher forte e com coragem,
Não se encontra na feira.
Por isso eu conto agora,
A história de uma guerreira.
No ano quarenta e sete,
O dia estava ruim,
Nasceu uma menininha,
Numa estera de capim,
Muita gente não sabia,
Mas nasceu dona Maria.
Nas terras do salgadim.
Nasceu a dona Maria,
Filha de Sebastião.
Uma menina sadia,
Forte como um leão.
Foi aquela alegria.
Com três anos já comia.
Rapadura com feijão.
Nunca Gostou de fuxico,
Nem escondia segredo.
Nunca correu do serviço,
De trabalhar não tem medo.
O que vinha ela enfrentava.
Com sete anos já lavava,
As roupas lá em são Pedro.
Sua infância foi perdida,
Sem ter direito a brincar.
Era triste a sua vida,
Só fazia trabalhar.
A escola era a enxada,
Por ter trabalho em casa,
Não podia estudar.
De tudo ela trabalhou,
Todo serviço pesado.
Trabalhou na agricultura,
Já pastorou burro, e gado.
De tudo ela fazia,
E também por muitos dias,
Já trabalhou de Machado.
Completou dezoito anos,
Arranjou um namorado.
Um rapaz boa aparência,
E um pouco educado.
Se pensasse em casamento,
Ficava no pensamento,
No bolso nem um trocado
Marcaram o casamento,
Juntou-se a rosa e o cravo.
Ouve aquele movimento,
Os seus pais ficarão bravo.
Pois o tempo estava mal,
Para comprar o enxoval.
Os dois puxaram agavo.
Começaram outra vida,
Os dois ficaram animados.
Mas não tinha outra saída,
Foram trabalhar forçados.
Venderam um burro que tinha,
Mas não tinham uma casinha,
Foram morar emprestados.
Foram morar em Sofia,
Uma velha chata e feia.
Todo mundo lá sofria.
O sangue fugia das veias.
Mas ninguém não reclamava.
Tudo que eles lucravam.
Era partido de meia.
Nasceu a primeira filha,
Foi uma alegria só.
A festa durou um dia,
Na casa de minha vó.
De dia comemoraram.
E a noite eles jantaram.
Batata com mocotó.
Mas durou por pouco tempo,
A saúde da criança.
Era difícil hospital,
Não existia ambulância.
Quase ninguém não estava vendo,
Mais Maria ia perdendo,
Toda sua esperança.
Com seis meses de idade,
A menininha morreu.
Jesus tirou de Maria,
O maior tesouro seu.
A menina era querida,
Foi pequena e foi sofrida.
A vida que deus lhe deu
Maria entristeceu,
Não queria mais comer.
Pediu forças a Jesus,
Para um pouco esquecer.
Por mais que ela lutava.
Mas nunca imaginava,
Que a filhinha ia morrer.
Pois o tempo foi passando,
E de novo engravidou.
Nasceu um belo menino,
Ela cuidou com amor.
Teve um destino atrevido,
Com poucos meses de nascido.
Jesus também o levou.
Começou a nascer filho,
Como cafife em anum.
Como formiga em buraco,
Semente em jerimum.
As coisas ficavam mal.
Todo mês no hospital,
E todo ano era um.
Era bonita a família,
Muitas gente apareceram.
Já tinha onze filhinhos,
Sem contar dois que morreram.
Eu seu que todos me adoram.
Pois eu vou falar agora.
Os nomes dos que nasceram.
Nasceu na casa Francisco,
Um cara cheio de planos.
Gostava de fazer troca,
Vivia Negociando.
Pra ele o céu está aberto,
Por causa da diabetes.
Só durou vinte e três anos.
Depois nasceu Ademir,
Mas azar pra ele é pouco.
Era um menino bonito,
Os braços era aqueles tôco.
de tanto ele ser bonito.
O diabo da menegite,
Deixou o coitado mooco
depois nasceu Ademilson,
Nem do diabo ele tem medo.
Ele se acha bonito,
Gosta de guardar segredo.
Trabalhou em Goianinha,
E casou-se com Mariquinha.
Só para esquecer de Neide.
Depois nasceu José Nilson,
O filho que Antônio mais quis.
Se lhe pergunta alguma coisa,
Se for verdade ele diz.
Pois viu o tempo passar,
E inventou de casar.
É pobre mais é feliz.
Depois nasceu Ivanildo,
O mais quieto do lugar.
Nunca deu nem um trabalho,
Nunca gostou de arengarCasou-se com uma baixinha.
Dessas brava e danadinha.
E Difícil de domar
Depois nasceu Severino,
Um cara descontrolado.
É muito ignorante,
E sempre foi afobado.
Com ele as coisa é assim.
Se fizer algo de ruim,
Vai ter que comer dobrado.
Depois nasceu dona Rita,
Essa sim é disparada.
No dia que ela se zanga.
Pega até onça pintada.
Com um olhar de leão,
Transformou-se sapatão.
Já tem até namorada
Depois nasceu o Roberto,
Gosta um pouco de comer.
Mas quando quer uma coisa,
Ele luta até vencer.
Um dia ele zangou-se.
E de pressa se casou-se.
Com Ana de João tetê.
Roseane veio depois,
Menina bom coração.
Sempre foi boa pessoa,
Agrada toda nação.
Merece um prêmio de Deus,
Tudo aquilo que é seu,
Divide com seus irmãos.
Depois nasceu Rosevaldo,
Um cara calado e só.
Se acha um pouco feio,
Se sente no caritó,
Mas acha que a vida é boa.
Namorou uma coroa.
Que dava até leite em pó
A ultima foi Rosimeire,
Uma menina mimada.
Gosta um pouco de estudar,
E conversar nas calçadas.
Tem um caráter bonito,
Mas para falar de fuxico.
Ela está aprovada.
Lembra o rapaz educado,
Do inicio da história?
Ele juntou os trocados.
Danou-se e foi embora.
Como ninguém é perfeito.
Maria falou sem jeito.
Meu deus do céu e agora.
Maria falou Antônio,
Por favor você não vá.
Lembre desses dez filhinhos.
Que nós temos para criar.
Ele disse eu vou embora.
Portanto só volto agora.
Depois que eu enricar.
Quando Antônio saiu,
Dona Maria falou.
Eu perdi o meu marido,
Mas não perdi o valor.
Filhos vamos trabalhar,
E o que vocês precisarem.
É só pedir que eu dou.
Dona Maria sofreu,
Para os seus filhos criar,
Trabalhou por muitos anos,
Até tudo melhorar.
Trabalhou de merendeira,
Vendeu verdura na feira,
Vendeu cachaça num bar.
Eu não contei a metade,
Dique Maria sofreu.
Ela perdeu sua mãe,
E os três filhinhos seu,
Coisa que agente viu,
Também no ano dois mil,
O seu pai também morreu.
Dona Maria é guerreira,
Para ela eu tiro o chapéu.
Sempre foi batalhadora,
Uma pessoa fiel.
Jesus queira me atender,
Para quando ela morrer.
Ter um cantinho lá no céu.
Agora o tempo está bom,
A coisa já melhorou.
Todos os seus filhos cresceram.
Só um deles não casou.
Essa eu conto depois.
No ano dois mil e dois.
Maria se aposentou
Viver em paz sossegada,
Era o que ela mais quiz.
Ela pediu esse verso,
Para lhe atender eu fiz.
Eu falo para todos agora.
Até que enfim essa história
Vai ter um final feliz.
O meu nome é Rozevaldo,
Sou um sujeito de fé.
Eu gosto de fazer verso,
E comer cuscuz com café.
Muita vez dormi no escuro,
Mas o meu maior orgulho,
É ser filho dessa mulher.
Foi eu que fiz essa história.
Para todos vocês ouvir.
Foi uma história triste.
Não dar vontade de rir.
Por isso eu quero falar.
Para ninguém não chorar
Eu vou parar por aqui
Essa história que contei,
Não é mentira, é verdade.
Tudo isso que falei,
É a dura realidade.
Quem duvidar tá na mira.
E quem achar que é mentira.
Pergunte a Rozevaldo.
Fim:
Não é pra falar besteira.
Mulher forte e com coragem,
Não se encontra na feira.
Por isso eu conto agora,
A história de uma guerreira.
No ano quarenta e sete,
O dia estava ruim,
Nasceu uma menininha,
Numa estera de capim,
Muita gente não sabia,
Mas nasceu dona Maria.
Nas terras do salgadim.
Nasceu a dona Maria,
Filha de Sebastião.
Uma menina sadia,
Forte como um leão.
Foi aquela alegria.
Com três anos já comia.
Rapadura com feijão.
Nunca Gostou de fuxico,
Nem escondia segredo.
Nunca correu do serviço,
De trabalhar não tem medo.
O que vinha ela enfrentava.
Com sete anos já lavava,
As roupas lá em são Pedro.
Sua infância foi perdida,
Sem ter direito a brincar.
Era triste a sua vida,
Só fazia trabalhar.
A escola era a enxada,
Por ter trabalho em casa,
Não podia estudar.
De tudo ela trabalhou,
Todo serviço pesado.
Trabalhou na agricultura,
Já pastorou burro, e gado.
De tudo ela fazia,
E também por muitos dias,
Já trabalhou de Machado.
Completou dezoito anos,
Arranjou um namorado.
Um rapaz boa aparência,
E um pouco educado.
Se pensasse em casamento,
Ficava no pensamento,
No bolso nem um trocado
Marcaram o casamento,
Juntou-se a rosa e o cravo.
Ouve aquele movimento,
Os seus pais ficarão bravo.
Pois o tempo estava mal,
Para comprar o enxoval.
Os dois puxaram agavo.
Começaram outra vida,
Os dois ficaram animados.
Mas não tinha outra saída,
Foram trabalhar forçados.
Venderam um burro que tinha,
Mas não tinham uma casinha,
Foram morar emprestados.
Foram morar em Sofia,
Uma velha chata e feia.
Todo mundo lá sofria.
O sangue fugia das veias.
Mas ninguém não reclamava.
Tudo que eles lucravam.
Era partido de meia.
Nasceu a primeira filha,
Foi uma alegria só.
A festa durou um dia,
Na casa de minha vó.
De dia comemoraram.
E a noite eles jantaram.
Batata com mocotó.
Mas durou por pouco tempo,
A saúde da criança.
Era difícil hospital,
Não existia ambulância.
Quase ninguém não estava vendo,
Mais Maria ia perdendo,
Toda sua esperança.
Com seis meses de idade,
A menininha morreu.
Jesus tirou de Maria,
O maior tesouro seu.
A menina era querida,
Foi pequena e foi sofrida.
A vida que deus lhe deu
Maria entristeceu,
Não queria mais comer.
Pediu forças a Jesus,
Para um pouco esquecer.
Por mais que ela lutava.
Mas nunca imaginava,
Que a filhinha ia morrer.
Pois o tempo foi passando,
E de novo engravidou.
Nasceu um belo menino,
Ela cuidou com amor.
Teve um destino atrevido,
Com poucos meses de nascido.
Jesus também o levou.
Começou a nascer filho,
Como cafife em anum.
Como formiga em buraco,
Semente em jerimum.
As coisas ficavam mal.
Todo mês no hospital,
E todo ano era um.
Era bonita a família,
Muitas gente apareceram.
Já tinha onze filhinhos,
Sem contar dois que morreram.
Eu seu que todos me adoram.
Pois eu vou falar agora.
Os nomes dos que nasceram.
Nasceu na casa Francisco,
Um cara cheio de planos.
Gostava de fazer troca,
Vivia Negociando.
Pra ele o céu está aberto,
Por causa da diabetes.
Só durou vinte e três anos.
Depois nasceu Ademir,
Mas azar pra ele é pouco.
Era um menino bonito,
Os braços era aqueles tôco.
de tanto ele ser bonito.
O diabo da menegite,
Deixou o coitado mooco
depois nasceu Ademilson,
Nem do diabo ele tem medo.
Ele se acha bonito,
Gosta de guardar segredo.
Trabalhou em Goianinha,
E casou-se com Mariquinha.
Só para esquecer de Neide.
Depois nasceu José Nilson,
O filho que Antônio mais quis.
Se lhe pergunta alguma coisa,
Se for verdade ele diz.
Pois viu o tempo passar,
E inventou de casar.
É pobre mais é feliz.
Depois nasceu Ivanildo,
O mais quieto do lugar.
Nunca deu nem um trabalho,
Nunca gostou de arengarCasou-se com uma baixinha.
Dessas brava e danadinha.
E Difícil de domar
Depois nasceu Severino,
Um cara descontrolado.
É muito ignorante,
E sempre foi afobado.
Com ele as coisa é assim.
Se fizer algo de ruim,
Vai ter que comer dobrado.
Depois nasceu dona Rita,
Essa sim é disparada.
No dia que ela se zanga.
Pega até onça pintada.
Com um olhar de leão,
Transformou-se sapatão.
Já tem até namorada
Depois nasceu o Roberto,
Gosta um pouco de comer.
Mas quando quer uma coisa,
Ele luta até vencer.
Um dia ele zangou-se.
E de pressa se casou-se.
Com Ana de João tetê.
Roseane veio depois,
Menina bom coração.
Sempre foi boa pessoa,
Agrada toda nação.
Merece um prêmio de Deus,
Tudo aquilo que é seu,
Divide com seus irmãos.
Depois nasceu Rosevaldo,
Um cara calado e só.
Se acha um pouco feio,
Se sente no caritó,
Mas acha que a vida é boa.
Namorou uma coroa.
Que dava até leite em pó
A ultima foi Rosimeire,
Uma menina mimada.
Gosta um pouco de estudar,
E conversar nas calçadas.
Tem um caráter bonito,
Mas para falar de fuxico.
Ela está aprovada.
Lembra o rapaz educado,
Do inicio da história?
Ele juntou os trocados.
Danou-se e foi embora.
Como ninguém é perfeito.
Maria falou sem jeito.
Meu deus do céu e agora.
Maria falou Antônio,
Por favor você não vá.
Lembre desses dez filhinhos.
Que nós temos para criar.
Ele disse eu vou embora.
Portanto só volto agora.
Depois que eu enricar.
Quando Antônio saiu,
Dona Maria falou.
Eu perdi o meu marido,
Mas não perdi o valor.
Filhos vamos trabalhar,
E o que vocês precisarem.
É só pedir que eu dou.
Dona Maria sofreu,
Para os seus filhos criar,
Trabalhou por muitos anos,
Até tudo melhorar.
Trabalhou de merendeira,
Vendeu verdura na feira,
Vendeu cachaça num bar.
Eu não contei a metade,
Dique Maria sofreu.
Ela perdeu sua mãe,
E os três filhinhos seu,
Coisa que agente viu,
Também no ano dois mil,
O seu pai também morreu.
Dona Maria é guerreira,
Para ela eu tiro o chapéu.
Sempre foi batalhadora,
Uma pessoa fiel.
Jesus queira me atender,
Para quando ela morrer.
Ter um cantinho lá no céu.
Agora o tempo está bom,
A coisa já melhorou.
Todos os seus filhos cresceram.
Só um deles não casou.
Essa eu conto depois.
No ano dois mil e dois.
Maria se aposentou
Viver em paz sossegada,
Era o que ela mais quiz.
Ela pediu esse verso,
Para lhe atender eu fiz.
Eu falo para todos agora.
Até que enfim essa história
Vai ter um final feliz.
O meu nome é Rozevaldo,
Sou um sujeito de fé.
Eu gosto de fazer verso,
E comer cuscuz com café.
Muita vez dormi no escuro,
Mas o meu maior orgulho,
É ser filho dessa mulher.
Foi eu que fiz essa história.
Para todos vocês ouvir.
Foi uma história triste.
Não dar vontade de rir.
Por isso eu quero falar.
Para ninguém não chorar
Eu vou parar por aqui
Essa história que contei,
Não é mentira, é verdade.
Tudo isso que falei,
É a dura realidade.
Quem duvidar tá na mira.
E quem achar que é mentira.
Pergunte a Rozevaldo.
Fim:
Autor. Rozevaldo junior
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