quinta-feira, 5 de setembro de 2013

conheça um pouco da historia dos artistas do nosso município a começar por seu Nezinho da rabeca


 Rabeca leva “surra” de seu Nezinho

“Quero dá logo uma ‘surra’ na rabeca para esquentar o
couro, depois a gente conversa”. A frase do rabequeiro
Manoel Justino Sobrinho, 86 anos, o Nezinho, foi mais
do que um aviso. Homem de pouca conversa, ele gosta
mesmo é de tirar um som de sua rabeca feita de madeira
e chifre de boi. Toca desde criança e continua morando
no Sítio Saquinho, no alto da Serra da Tapuia, local
apropriado para reunir os amigos e fazer um forró com
rabeca, sanfona, triângulo e pandeiro.
Eram pouco mais de oito horas da manhã quando
Nezinho chegou à casa da fi lha Maria Justino, local da
entrevista, carregando sua rabeca enrolada num pedaço
de pano. Veio caminhando pela estrada de barro e chegou
sem aparentar cansaço. Mal sentou, já colocou a rabeca
para tocar.
A apresentação, improvisada na sala da casa da fi lha,
começou com o choro clássico “Tico-Tico no Fubá”.
Depois, tocou “Brasileirinho” e o hino do ABC Futebol
Clube para, fi nalmente, dizer que a rabeca já estava no
ponto e que podíamos iniciar a conversa. “Em 56 já fazia
viagem pelo Agreste, toquei por todo canto neste meio de
mundo...”, comentou.
Nezinho ganhou sua primeira rabeca ao completar oito
anos de idade. José Justino, o Deca, irmão mais velho, foi
o responsável em ensinar o caçula a manusear a rabeca. Os
ensinamentos do irmão foram além do esperado e a rabeca
foi passando de brincadeira de criança a instrumento de
profi ssão.
A infância e juventude do rabequeiro foram marcadas
pelas apresentações do João Redondo {mamulengo} e boide-reis, comuns naquela
 época por toda a região Agreste.
Tão populares e tão bonitas que Nezinho sente saudade e
fi ca feliz ao recordar. “O João Redondo do ‘véio’ Antônio
Fernandes parecia um cinema de tão bonito”.
O rabequeiro tem seis fi lhos. “Tive pouco”, diz. Não
são poucos os membros da família que fazem da música
um meio de vida ou tocam por prazer. O fi lho José
Justino, conhecido como o sanfoneiro Zé de Nezinho, e
o neto Iranilson de Moura Justino, 16 anos, pandeirista,
acompanham Nezinho nas apresentações. O primo João
Anjo, morador do Sítio Tanquinho em Santa Cruz,
também toca rabeca.
As últimas apresentações foram animando o Boi-de-reis
de São Tomé, município vizinho a Sítio Novo, e durante
o Festival da Cultura no ano passado. Nezinho puxa a
memória e lembra que as manifestações folclóricas já
foram mais comuns, mas acredita que a cultura popular
tende a sobreviver apoiada por eventos como o Festival da
Cultural local.
O rabequeiro Nezinho, homem simples e sem formação
musical, faz parte de uma linhagem de músicos em
extinção. Passou toda a vida trabalhando no roçado e
viveu o auge das plantações de algodão em Sítio Novo.
“Naquela época, trabalhar com algodão era melhor do
que ter aposento. Apanhei muito algodão. Teve dia de
apanhar 148 arrobas”.

fonte Revista preá 

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